sexta-feira, 30 de abril de 2010

As Pin Ups de Vargas.

O artista plástico peruano Alberto Vargas (1896-1982) praticamente criou o conceito pop das pin-ups. Desde sua chegada a Nova York em 1916 ele ficou fascinado pela beleza e estilo das garotas americanas e passou a retratá-las. Nos anos 40, a revista Esquire publicou um calendário com as garotas criadas por Vargas (Varga Girls) que virou um sucesso imediato. As garotas e o artista tornaram-se conhecidos mundialmente e, durante os anos da Segunda Guerra Mundial, as pin-ups de Vargas viraram símbolos patrióticos e estímulo aos soldados americanos. Após uma temporada bem-sucedida na Esquire, Vargas, que teve como modelos Marilyn Monroe e Ava Gardner, tornou-se o principal ilustrador da revista Playboy, que desde o seu lançamento em 1953 foi uma das maiores divulgadoras das pin-ups.





Com a vertiginosa ascensão da cultura pop e do american way of life nos anos seguintes ao final da Segunda Guerra, a beleza e o estilo das pin-ups criadas por Vargas ganharam novas versões em diferentes estéticas e em outras culturas. O cinema – não só o americano, mas também o europeu – foi uma das manifestações artísticas que incorporou as pin-ups ao seu universo. Em Hollywood, destacaram-se atrizes como Marilyn Monroe e Jayne Mansfield, enquanto na Europa surgiram Sophia Loren e Brigitte Bardot. Em todas elas o padrão das pin-ups popularizadas pelas ilustrações de Vargas permaneceu: mulheres bonitas com seios volumosos, cinturas finas, quadris bem delineados, pernas torneadas e ar sensual. Além disso, tanto nas ilustrações e fotos das revistas masculinas como no cinema, o erotismo era um dos principais atributos das pin-ups.





Nos anos 50, surgiu a garota que se tornaria um ícone das pin-ups e da cultura pop. Bettie Page teve uma infância e adolescência de dificuldades em Nashville, nas quais passava o tempo imitando suas atrizes de cinema favoritas. Apesar de trabalhar como modelo desde os 20 anos de idade em San Francisco, foi somente quando se mudou para Nova York, com 27 anos, que Bettie entrou para a galeria das garotas mais sensuais ao virar modelo de fotógrafos como Jan Caldwell, H.W. Hannau e Bunny Yeager. Suas aparições na Playboy, em calendários, cartas de baralho, outdoors e vários outros produtos em situações provocantes a tornou a “rainha das pin-ups”.







Com o surgimento da Pop Arte nos anos 60 a fusão de pin-ups com a nova estética foi imediata. Os calendários, cartões e maços de cigarros que traziam as pin-ups eram elementos perfeitos para inspirarem os artistas pop. Primeiro, porque a Pop Arte fez uma crítica irônica da dominação que os objetos de consumo passaram a exercer sobre a sociedade e, depois, porque conceitualmente um dos objetivos da Pop Arte era o da transformação do vulgar em refinado. Assim, a imagem de Marilyn Monroe, por exemplo, foi imortalizada em quadros de Andy Warhol, o papa da Pop Arte. Além de Warhol, dois dos principais artistas pop a utilizarem as pin-ups em suas obras foram Roy Lichtenstein e Mel Ramos.







A partir dos anos 70 com uma maior liberalização dos costumes e o avanço da indústria da pornografia, as pin-ups perderam bastante do seu espaço, mas mantiveram-se no imaginário da cultura pop. O que começou como ilustrações para reproduzir a beleza estética e o poder de atração das mulheres, como forma de driblar os moralismos da época, evoluiu para a transformação das pin-ups em personagens de carne e osso, seja com as atrizes no cinema ou como modelos fotográficos. Em meados dos anos 80 há uma retomada da estética das pin-ups com uma atualização que incluiu elementos futuristas e fetichistas.

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